Vingadores Ultimato: depois que o mundo viu será que ainda vale a pena?


                Desde que o filme Vingadores: Guerra Infinita foi lançado, grandes expectativas pela sua continuação e conclusão surgiram, não apenas em meio aos que se auto intitulam nerd ou geek, mas em meio ao público médio em geral. Desta forma, a partir o início do ano de 2019 apenas se falava acerca de Vingadores: Ultimato, como sendo a grande celebração de mais de dez anos de universo compartilhado e arquitetado em uma mídia mais acessível a todos, a cinematográfica. No entanto, a principal pergunta que devemos fazer é: tanta espera realmente valeu a pena e supriu as expectativas?
                Em toda a primeira parte do filme nós somos apresentados às consequências do estalo de dedos do Thanos. Metade de todas as criaturas vivas foram exterminadas do universo, os herois da terra remanescentes estão desolados, inconsoláveis após sua primeira derrota e mesmo após buscarem vingança e uma forma de reverter a situação ao descobrirem que isto seria impossível nada restou além de seguir da forma que podem com suas vidas.
                É neste ponto que O filme tem seu maior brilho e destaque, por observamos de forma intimista o que cada um dos sobreviventes tem feito para esquecer a culpa e aprender a viver novamente depois de cinco anos.
·         O Capitão América América realiza trabalhos junto a comunidade, tentando ajudar as pessoas a conseguirem forças e seguir em frente assim como ele fez ao acordar fora de seu tempo e ter fracassado.
·         A Viúva Negra segue com os trabalhos chefiando as ações dos heróis remanescentes como Rocket Raccon, Nebulosa, Máquina de Combate, Capitã Marvel e outros, no entanto sempre carregando a culpa pelo fracasso e buscando uma solução para o mundo.
·         O Gavião Arqueiro após perder sua família, tornou-se um vigilante que tenta abafar as suas dores expurgando da existência os criminosos remanescentes sob uma nova identidade que define bem seus sentimentos, ele se transformou em um Ronin.
·         Bruce Banner e Hulk tornaram-se uma única identidade, uma só forma, alcançando o equilíbrio perfeito entre a fúria bestial de um monstro e a razão de um ser humano, deixando claro que apesar da situação atual da humanidade o bem estar alcançado foi suficiente para não haverem ressentimentos.
·         Thor, tornou-se rei do novo lar dos asgardianos que estavam espalhados pelo universo, a Nova Asgard, no entanto, ele aparentemente foi o que mais sofreu por não ter conseguido impedir as calamidades que vieram, um rei ausente, entregue as bebidas, aos maus hábitos e a uma culpa gigantesca foi o que os asgardianos ganharam.
·         O Homem de Ferro, foi o único que renasceu das cinzas, tendo seguido em frente com sua vida, agora casado, vivendo em uma fazenda e com sua pequena filha.
Mas a partir do momento em que Scott Lang (Homem-Formiga), por pura sorte sai do reino quântico a possibilidade de reverter as ações do Titã louco aparece através de um plano que eles chama de “assalto no tempo”.
                Neste momento, o enredo estipula suas regras de viagem temporal, sendo ela a seguinte: ao viajar para o passado para retirar as joias do infinito dos períodos em que tiveram contato novas realidades serão criadas, mas a realidade principal, a linha do tempo deles, não receberá qualquer efeito destas alterações, sendo que após o uso das joias, estas serão devolvidas para o exato momento em que foram retiradas das várias realidades ali criadas.
                Particularmente, esta é a parte mais cansativa de todo o filme, que para os menos afeiçoados as produções que abordam o conceito de viagens temporais será extremamente confusa, apesar de que em certos momento há referências a personagens clássicos e situações revisitadas de filmes passados, que carregam um certo humor, característicos do estúdio. Sendo que o melhor momento é o do sacrifício, uma prova de amor por uma família desconjuntada para salvar uma metade perdida da existência.
                Apesar dos momentos finais serem repletos de ação, cenas que fazem o cinema gritar de emoção (que não recomendo por causa do incomodo gerado) e sacrifícios de personagens queridos, no fim aquela regra que expomos é jogada no lixo para trazer uma solução mais simples ao filme.
              Particularmente, quando um roteiro faz questão de ignorar suas próprias colocações, principalmente no que diz as viagens temporais, que é um conceito extremamente difícil de ser tratado, este se mostra frágil e falho em seus pontos mais importantes.
                Assim, se o caro leitor não se incomoda com furos de roteiro profundos, fique à vontade para aproveitar esta experiência cinematográfica pela meramente pela ação; recomendo ainda que observe com atenção triplicada todo o primeiro arco do filme, pois é o principal momento de crédito da estória.
                Desta forma, Vingadores Ultimato mostra-se inferior à Vingadores Guerra Infinita, sendo um filme repleto de momentos que podem agradar e desagradar ao público em vários pontos, bem como extremamente cansativo e arrastado para um blockbuster. Se vale a pena ou não gastar seu precioso dinheiro com o ingresso, deixo isto ao seu critério.



Autor: Raphael Fernandes Brito

Um stormtrooper decepcionado que viajou entre universos e galáxias ao lado de Uatu, o vigia e contemplou da explosão de Krypton até o estalo de Thanos, da derrota de Sauron até a Fundação de Asimov, desejando sempre uma vida longa e próspera.